sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Não existe salvação e nem salvadores.
Se você precisar de um salvador pra salvar-se a si mesmo você já não tem mais salvação.
Se você acredita que Jesus voltará para salvar o mundo, está com no mínimo 2010 anos de atraso, porque quando foi morto JEsus deixou o ensinamento de agir com Amor, universal, livre e sem pretensões.
O homem foi, o amor ficou, e você continua esperando o homem que não vem mais.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Viva viva a Universidade Antropófoga!
http://www.teatroficina.com.br

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Hoje eu vi a cara do Amor e ele estava
Vivo vivo viva!
Hoje eu vi a cara daquilo que não se parece com nada.
Mas que está no princípio de tudo.
Hoje eu vi a cara daquilo que nunca acaba.
Percebi então que Zaratustra e Jesus
são como iguais!

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Tanta beleza no mundo
e eu perdendo tempo comigo mesmo.
Tanta alegria por aí
e eu choro só com meu violão.
A vontade da música
é tocar pra ser ouvida.
O filme irradia luz pra ser visto.
A vida pulsa pra se compartilhar
E os sentimentos são um raio
indo direto ao coração de alguém.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Estou começando a achar que a sabedoria e a criação artística são coisas totalmente opostas.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Hoje eu estive apaixonado pela Lua.
Hoje ando só e não tenho medo
nem nada que possa perder.
E só perde quem tem.
Não tenho nada porque apenas sou.
Hoje piso em falso sem risco de cair.
Meus passos vão soltos no ar e seguros por um anjo que eu não conheço mas que sou eu mesmo.
Hoje eu vi que o Universo é infinito.
Hoje poderia estar certo de ser o dono da rua
não fosse a energia que sinto
do sono tranquilo que zumbe das casas
dos cãos que latem
quando sentem meu cheiro.

Ainda bem
que há cães que latem
e sentem cheiros.

Conversando com os gatos
entendi
que quando conto os passos pela rua
canto melhor meus pensamentos.

Hoje sinto amor e tudo é simples
Harmonia que vem é o meu deleite
de escrever cem versos que existem por conta da Lua.

É como se eu próprio não existisse
e só o que resiste é a Lua.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A Idade da Terra

Jesus Índio: - Nero também pensava a merrma coisa meu irrmão. No entanto se deu mal.
Eu não tenho nada contra a violência.
Agora vou mostrar que você está endemoniado.
Vou lhe provar o que acontece da matéria sobre o espírito, e vocÊ enfim terá paz meu irmão.

(despeja uma garrafa de cerveja na cabeça do outro)

Outro: - Até que enfim, eu encontrei a minha felicidade!

Jesus Índio: - O perdão foi inventado pelo Homem. Sigam a vida de vocês, e se o Pai nos perdoa, então estamos todos perdoados.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

A minha vida é um delírio
Um sonho que nunca se realiza
É uma carroça puxada por um cavalo que não puxa nada e que leva uma carroça que não existe
O ar que entra não passa pelos meus pulmões.
Ele se dissolve numa angústia vazia.
Meu coração bate e não faz mais do que bombear sangue.
Um sangue ralo e sem cor.
Meu coração está murxo de amor
A cachaça não ébria nem dá dor de cabeça!
A natureza é um ópio que não tem torpor.
A cidade-concreto é uma cocaína sem empolgação.
A vida passa e não estou de mãos enlaçadas
Não há alguém que me dê um soco na cara
Comida que mate a minha fome
Amor que me exploda
Morte que se faça Vida
Nada, que me chacoalhe e me estapeie e me desperte desse delírio.
Comi bananinha amassada com aveia
E caguei um cacho de bananas e uma caixa de aveia lacrada com o preço do supermercado.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Vamos tocar as músicas simples
Nada de acordes sofisticados e melodias pomposas
Cantemos o que coloque o coração na boca
Vamos cuidar de nós
Beber alegria
Saborear a vida
Viajar e gastar todo nosso dinheiro
Andar à noite pelas ruas com nossos amigos
Em silêncio
Esquecer da fome e do sono
Algumas bananas e um pouco de pão por dia devem bastar
Meditar ao invés de dormir
Porque assim sonhamos acordados
Porque em breve tudo vai explodir
E agora independe da nossa vontade.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Chuá
Chuá
Chuá
Pela rua a
caminhar
Chuá
Chuá
Chuá
A chuva é minha amiga
E eu não vou me
resfriar
Chuá
Chuá
Chuá
Ponto de ônibus
.
.
.
.
Chuá
Chuá
Chuá
Um homem de chuá
Sem guarda-chuá
Levou seu cão pra passear
Chuá
Chuá
Chuá
Com calma você vai
chegar
Chuá
Chuá
Chuá
Cantando o tempo
Logo vai passar
Chuá
Chuá
Ponto de ônibus
.
.
.
.
Chuá
Chuá
Chuá
O Professor cancelou a aula.
Hoje é dia de chuá
Chuá
Chuá
Pela rua vou de novo a caminhar...

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Nietzscheando 2

"Ter o olhar objetivo do ângulo filosófico pode ser uma prova de pobreza de vontade e de força, porque a força organiza o que há de mais próximo e vizinho. Os 'conhecedores', que querem fixar somente o que é, nada podem fixar, tal como deverá ser."

"Há mais sabedoria no corpo do que na mente"

Crônica de um pintor

Um belo dia estava tomando café da manhã e arranhando as cordas do meu violão.
A casa vizinha em frente à minha estava vazia de móveis e moradores; cheia apenas de paredes de tinta fresca, um rolo e um pintor.
Com as paredes, a tinta, o rolo, tive apenas uma conversa de repúdio, reclamando do mal cheiro.
Ao pintor, ofereci um café.
Ele agradeceu e começou a me contar histórias, atitude inerente à carência de todo ser humano em justificar sua própria vida.
Quando avistou o violão, seus olhos brilharam e ele me disse ser de seu costume ser músico, músico de grandes músicos.
Já havia tocado até com Gilberto Gil!, quando duma apresentação deste em Floripa.
Contou me até que Gil tinha sido preso por causa de maconha, era uma intimidade só.
Depois o diálogo ficou mais fluído: "Por que você não pega o violão?", "Ah já faz muito tempo..", não tem problema tenta então tudo bem só um pouquinho bom acho que eu tô meio enferrujado --acordes dissonantes-- bom é isso, ah mas eu gostava muito de tocar eu era muito louco bons tempos aqueles.
Creio eu que a memória, sujeita à infalibidade do tempo, seleciona e distorce alguns acontecimentos.
Nesse caso, o tempo turvou a memória musical daquele homem, embora das histórias ele se recordava muito bem.
Aquele era um dia lindo, porque todos os dias são bonitos.
Mas a memória também embeleza, justifica, faz crônicas.

Nietzscheando

Um conhecimento superficial pode ser muito profundo se a casca for a própria essência.
Nietzsche buscou em sua filosofia desenvolver o conceito de superhomem.
O interessante do pensamento desse bonito contestador é que toda sua filosofia é muito aplicável ao cotidiano.
Simplificando, o superhomem pode ser vivido tendo em mente algumas coisas.
A primeira delas é o seguinte pensamento de Nietzsche:
O Cristianismo pegou do ser humano todos os vícios, as maldades, a pobreza e a pequenez de espírito e chamou de Homem.
As virtudes, a benevolência, a grandeza, o que há de mais belo e puro no Homo sapiens chamou de Deus.
Depois, basta ter um conhecimento do que a Bíblia chama de mal no homem e ir na contramão disso; ainda, ler no Alcorão os 99 nomes ou atributos divinos e colocá-los em prática.
Ecce Super Homo

Adendo:
"A religião é um produto da dúvida quanto à unidade do indivíduo, uma alteração da personalidade... à proporção que tudo quanto é grande e forte foi sendo considerado sobre-humano e estranho pelo homem, este foi se amesquinhando e separou as duas faces em duas esferas absolutamente diferentes, uma desprezível e fraca, outra forte e surpreendente, chamando a primeira "homem", à segunda "Deus"."

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Desculpem - me todos mas sou um jovem chato e ranzinza que gosta de dar opinião sobre tudo.
Eu sei de algumas coisas e não sei sobre muitas.
Sei por exemplo, que está acontecendo um processo contra o senador José Sarney por mau uso da maquinaria pública, e que muita gente hoje em dia está brava com ele.
O resto todo eu não sei. Não tenho tido tempo e paciência para acompanhar a televisão, não tenho dinheiro para comprar jornais e mesmo que tivesse não teria tempo de lê-los pois estou ocupado estudando textos sobre Cinema(o que pode não parecer, mas toma muita energia).
Eu vejo por aqui pessoas organizando protestos e marcando encontros do tipo "Fora Sarney", entrei numa comunidade do orkut do tipo "Eu gosto de Samba", e lá estava no perfil da comunidade "Fora Sarney".
Se eu falar que ouço é mentira, mas imagino eu, que se estivesse com os ouvidos atentos, ouviria alguma coisa como "É um safado!", "Roubando nosso dinheiro a tanto tempo!", "Não sei como ele ainda continua...." e por aí vai.
Como disse antes, estou ranzinza, chato.
Não como muitos produtos industrializados, não ando engolindo qualquer coisa.
Essa euforia com o "Fora Sarney" a mim é indigesto.
Acho linda a mobilização de pessoas em prol da democracia, mas essas coisas no Brasil são mais um tipo de festa eufórica do que uma consciência política.
A população reclama porque saiu na televisão.
Sarney está exercendo algum tipo de poder a no mínimo 45 anos e para mim, sua possível queda nesse momento é mais uma manobra de politicagem de alguém que eu não faço ideia de quem seja.
Eu disse no começo, não sei de muitas coisas.
Uma coisa eu sei, é que no Brasil, quando um dos caciques políticos caem, é que sobre as costas dele estão se erguendo outros.
É uma tática antiga e todos deveriam conhecê-la. Usa - se o moralismo da opinião pública e o poder da imprensa para apagar o poder de um político, enquanto por debaixo do tapete outros rastejam para dentro do Palácio.
É tão antigo e banal que me cansa.
Me cansa essa euforia, vamos derrubar o Sarney. Mas e aí, derrubou o Sarney(será?), e o nosso sistema político continua tal qual é, funcionando através de barganha. Caindo um, dois, cem, continuam outros 200, 300, que exercem o poder a 30, 40 anos.
São homens velhos, chatos e ranzinzas como este que vos escreve. Eu pelo menos continuo jovem e inofensivo do lado de cá, escrevendo.
Eles estão fazendo política como se fosse profissão.
Eu sei de outra coisa, política não profissão, é proposta.
Alguém pode dizer isso ao eleitorado brasileiro por favor?

Dica: assistam(no youtube deve ter) o documentário Maranhão 66, de Glauber Rocha. Acho que é muito pertinente nesse momento.

terça-feira, 18 de agosto de 2009


As pessoas têm muito medo daqueles que conhecem a si mesmos. Estes têm um certo poder, uma certa aura e um certo magnetismo, um carisma capaz de libertar os jovens, ainda cheios de vida, do aprisionamento tradicional...

O homem iluminado não pode ser escravizado -- este é o problema -- e não pode ser feito prisioneiro... Todo gênio que tenha conhecido um pouco do seu íntimo está fadado a ser um pouco difícil de ser absorvido: ele deverá ser uma força perturbadora. As massas não querem ser perturbadas, ainda que se encontrem na miséria; estão na miséria, mas estão acostumadas com isso, e qualquer um que não seja um miserável parece um estranho.

O homem iluminado é o maior forasteiro do mundo; ele parece não pertencer a ninguém. Nenhuma organização consegue confiná-lo, nenhuma comunidade, nenhuma sociedade, nenhuma nação.

O pequeno poema anterior foi escrito quando eu estava num momento de dúvida existencial e ouvia uma música, "All Blues", de Miles Davis(a música lindamente casava com minha questão).
É muito por acaso que eu agora escrevo ouvindo a mesma música.
É muito por acaso que essa é a 4a vez que o disco Kind Of Blue toca aqui em casa.
É muito por acaso que hoje é aniversário de 50 anos desse mesmo Kind Of Blue.
O disco é uma proeza de sintonia musical.
Miles chegou no estúdio com apenas alguns esboços do projeto para o disco.
Deu aos músicos(um set de músicos fantásticos, inclusive John Coltrane, sax tenor para quem montaram uma Igreja nos Estados Unidos) apenas algumas partituras e umas ideias do tipo de som que gostaria.
O resto é magia sincrônica.
Eram outros tempos, e não se faz música como antigamente, mas a música acima de tudo une os músicos numa energia fantástica que atinge o público.
Essa energia não surge de ensaios e excesso de produção, ela é espontânea, e nem adianta forçar.
Miles Davis era um homem meio esquisito, de caráter -a meu ver- duvidoso. Contudo tinha ele a proeza, segundo vários músicos que tocaram com ele, de unir os músicos com seu trompete. Algumas músicas são tocadas em polifonia e poliritmos, diferentes tempos e diferentes harmonias para cada instrumento.
Não importava, Miles era a sintonia, a coesão, de uma forma que só o acaso proporciona.

domingo, 2 de agosto de 2009

Por que sim por que não?
Pra quê leve para quê peso?
Para levar aonde?
Por que eu para quê nós?
Por que divino por que profano?
Por que duvidar?
Acreditar?
Em quê?
Seguir ou ir sozinho?
Cultura?
Ignorância?
Posso ficar no meio?
Estou fadado a escolher sempre entre três caminhos?
Há mesmo um equilíbrio de que falam por aí?
Existe uma realidade absoluta?
?...
Miles Davis - All Blues

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Walt Whitman


Quem é que vai por aí
aflito, místico, nu?
Como é que eu tiro energia
da carne de boi que como?

O que é um homem, enfim?
O que é que eu sou?
O que é que vocês são?

sábado, 11 de julho de 2009

Di´s por di(ideias)

Di Melo, músico brasileiro, soul, funk, fantástico
http://www.mediafire.com/download.php?5vj0s9zmajz

Glauber ROcha no enterro de Di Cavalcanti - DI Glauber
parte 1
http://www.youtube.com/watch?v=p7GegIT-yBM
parte 2
http://www.youtube.com/watch?v=ncOEfuz6GxE

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Ensaio sobre Alphaville

Em determinado momento do livro A Câmara Clara, Roland Barthes questiona sobre a validade de suas teses sobre a Fotografia, pelo fato de elas serem essencialmente subjetivas e demasiado peculiares.

Ignorando todas as teses que lera anteriormente sobre a Fotografia, dizendo que elas não davam conta das suas sensações a respeito de uma determinada foto(a do irmão de Napoleão), ele chegava recorrentemente a conclusão de que deveria voltar a olhar para a tal fotografia, pois as referidas teorias(estéticas, sociológicas), eram por demais insuficientes.

A obstinação de Barthes, segundo ele, devia – se ao fato de ele querer estender essa individualidade extrema às ciências do sujeito, para que elas alcançassem uma generalidade sobre o conhecimento do sujeito que não o reduza a uma simples teoria reducionista.

A meu ver, este simples excerto obstinado de Roland Barthes acerca da Fotografia é um libelo contra o empirismo lógico tirano herdeiro do positivismo do século XIX.

O ressurgimento da utilização do pensamento racional pelo homem europeu se deu por volta do século XIII, com o advento do pensamento escolástico de São Tomás de Aquino, apropriado pela Igreja Católica para a formação de suas Universidades.

Contudo, foi no século XVIII que esse pensamento se viu livre dos dogmas religiosos, permitindo que a razão se direcionasse para outros aspectos, não se limitando a um pensamento que justificasse o Reino de Deus.

Esse período histórico é chamado de Iluminismo. Foi um feiche de luz que se acendeu na História europeia. Dominada pelos dogmas religiosos e acossada pela eterna espera do Apocalipse, a cultura milenar do chamado Velho Continente foi salva pelos sábios iluministas.

René Descartes, além de toda a sua filosofia, deixou a frase(que em sim já contém toda uma filosofia) que simboliza este momento do pensamento que nos acompanha desde então, Penso, logo existo.

O homem existe porque pensa, é homem porque pensa, pensa para poder existir.

Revolucionário e inovador no século XVIII, o pensamento racional se tranforma na regra geral no século XIX, sendo levado às últimas consequências em vários extremos. Neste século, há todo tipo de pensamento, de Nietzsche à Allan Kardec, Auguste Comte, até a poesia cósmica de Walt Whitman.

O positivismo de Auguste Comte, é uma obssessão empírica por tudo o que pode ser provado através de experimentos científicos que exclui como verdade impreterivelmente tudo o que não o for. Desta forma, a ciência vem carregando inconscientemente(pois considera – se o positivismo uma filosofia morta e ultrapassada) este cancro, cuja frase de Barthes satiriza com uma ternura despercebida.

O positivismo, carregado através das décadas, foi indiretamente influenciante para aberrações como o nazismo e o sionismo, duas faixas do pensamento humano completamente contrárias entre si.

Retardados pelo empirismo positivista, os seres humanos só conseguiriam sair desse estado entorpo com o pensamento de Freud(oriundo, é verdade, do positivismo) e com as Vanguardas artísticas do início do século XX, que buscavam entre outras coisas, liberar o instinto recôndito ao Homem no mais íntimo de si mesmo.

Mas a História é uma marcha dialética que caminha a idas e vindas, e a ciência, obssessão de todo homem racionalista, é o maestro que conduz a música distorcida do mundo.

A necessidade de conhecer da humanidade, transforma em medo perverso a relação com tudo o que não se conhece ou não se nomeia. Assim, tudo deve ter um nome, um conceito, para que se submeta às garras da linguagem, todos os sentimentos diversos que perpassam pelo corpo do Homem. A necessidade de se conceituar está associada à necessidade de remissão da eterna culpa intrínseca ao homem.

Alphaville

Feito este desabafo, podemos mudar de assunto.

Alphaville é um filme que me desperta sensações esquisitas.

Filmado a quarenta anos atrás, me sinto assaltado por uma súbita imersão em um futuro o qual eu próprio não vivi. .

No decorrer do filme, sou conduzido a uma viagem por um futuro distante, onde as viagens galácticas são coisas cotidianas.

A sensação de distância é justamente aonde o filme me toca, pois numa análise mais atenta, percebo que o futuro que parece distante, guarda com esse meu presente(o qual estou vivendo), uma relação mórbida e misteriosa.

O futuro é inicialmente percebido pelo uso das palavras. Se ninguém houvesse dito que o filme é uma ficção futurista, eu chegaria a essa conclusão nos dizeres de Lemmy Caution, “...quando eu cheguei nos subúrbios de Alphaville”, ou ainda, “...me fazem lembrar dos antigos filmes de vampiro, daqueles que se passavam nos museus de Cinerama”, para citar alguns exemplos, de como o espião parece se referir a um tempo passado(o nosso, ou, o contemporâneo do lançamento do filme), ou talvez(e não posso me recordar das impressões que tive quando da primeira vez a que assisti esse filme), por sentir o distanciamento que há, aparentemente, quando ele diz tratar de um realidade que não seja a nossa(a música introdutória, a placa na entrada do planeta: “Segurança, Lógica, Silêncio, Prudência”, parecem não ter sentido quando aplicamos tais elementos aos dias atuais de quem assiste ao filme).

Assistindo ao filme sem áudio(todos deveriam ao menos uma vez na vida se dar o direito de assistir a um filme de que gostam sem o áudio), percebo que é difícil, pelo menos nos momentos iniciais do filme, entender que estamos no futuro. Contudo, algumas imagens me fornecem tais indicações. O metrô suspenso sob o céu escuro, a estação de energia elétrica, o carro antigo sob as ruas sombrias, a mim são muito reveladores. Guardam em si uma imagem sombria que tenho de futuro, cristalizada por filmes como Sin City e V de Vingança, cuja realidade é triste pela ausência de contato humano, pelo excesso de medo, pela destruição da natureza e por uma apatia persistente no ser humano.

Essas imagens são expressas pelo fato de serem cotidianos o uso de tranqüilizantes, a regularização da mulher em objeto a serviço dos homens, uma lógica criada a qual nada escapa, a banalização do suicídio, a ausência e incapacidade de quaisquer tipos de questionamento, que levam os seres a um niilismo estóico, onde é impossível mudar a realidade.

O filme diz sobre um outro planeta, Alphaville, mas a mim é impossível não traçar relações com um mundo onde as mulheres são usadas como artigo de marketing, a arte da cura transformada por médicos em receita de pílulas, os índices de suicídio em países ricos crescendo substancialmente.

Nos momentos em que, ao assistir ao filme, vem a minha mente as reminiscências desses arquétipos de Apocalipse, é que o filme toma um ar estranho, misterioso, agravados por alguns momentos.

Desde o início, sinto que algo de muito grave vai acontecer; a música e a luz piscando logo no primeiro plano, seguida da imagem dos homens derrubando o tanque e a pomba branca pronta para voar, me trazem à tona o mistério advindo das utopias coletivas de transformação da humanidade em um mundo mais correto e justo, o mundo da paz. As pessoas empurrando o tanque é a concretização do esforço coletivo de irmandade, que empurra a violência e a opressão para o abismo, dando espaço para que voe a pomba da paz.

Essa vertigem esperançosa se torna um devaneio quando saio desse lapso atemporal, interrompido pelas primeiras imagens que apresentam Alphaville.

A escuridão, o futuro tecnológico expresso pelo metrô suspenso, o cartaz com as ordens morais, a seta indicando o caminho a ser seguido, me transportam do mundo da utopia para essa crua realidade de ALphaville. Uma viagem fora do tempo causada por um corte de tesoura na montagem.

Alphaville funciona através de um computador, Alpha 60. Esta super-máquina é responsável por todo o funcionamento do planeta, “de guerras a controle de tráfego, supressão da criminalidade, movimento de pessoas e bens”. Tudo dentro de Alphaville tem um lógica que funciona de acordo com o planejamento de Alpha 60. “Alpha 60 estabelece seus próprios problemas”, e tudo o que foge a essa regra deve ser eliminado.

Nesse momento, fico estarrecido ao abrir os jornais e ler notícias sobre a bolsa de valores, e me perder em pensamentos de que o mundo do qual fazemos parte, funciona através de uma lógica criada, completamente virtual aos nossos sentidos, aonde as transações financeiras que controlam o mundo sequer existem em dinheiro-espécie.

A lógica, assim como os computadores, é uma criação humana.

Alpha 60 é uma espécie de HAL 9000, que ao invés de controlar uma nave, controla todo um planeta e a vida dos seus habitantes.

Ele, com sua lógica implacável, é o Anjo da História de Walter Benjamin, que olha para trás e enxerga a humanidade como uma catástrofe única1. Contudo na lógica do Anjo Alpha 60 – em suas próprias palavras -, “Os atos dos homens, carregados através dos séculos, vão destruí – los, logicamente”, é natural que a humanidade cesse seu progresso continuo, pois a conseqüência óbvia de sua catástrofe é a sua própria supressão.

Sinto calafrios quando Lemmy Caution e Henry Dickson conversam no hotel e Lemmy diz, a respeito de Alpha 60, “Entendo, as pessoas se tornaram escravas de probabilidades” e imagino que boa parte da atividade científica atinge como resultados de suas pesquisas científicas conclusões probabilísticas, e que essas conclusões influenciam nas políticas públicas que farão parte do nosso cotidiano.

Alpha 60 dá aulas sobre seu próprio funcionamento. Que credibilidade pode haver em uma lógica que ensina ela mesma os seus próprios preceitos? O fato é que suas aulas explicativas sobre si mesmo funcionam para os “alunos” como uma verdade empírica, um fato consumado, pois é advinda de preceitos lógicos, portanto não pode estar errado. É como uma religião, com a exceção do fato de que nesta a verdade e baseada na fé, e ali, é fundada sobre o empirismo.

O computador diz, “Tudo foi dito, contanto que as palavras não mudem seus

significados, e os significados as palavras”, ou seja, a lógica existe e funciona, desde

que os preceitos sobre os quais ela está fundada não se modifiquem, ou sejam modificados por eles mesmos.

Alpha 60 foi “levando a vida” através de conclusões extremamente mecânicas sobre as coisas, como por exemplo:

“Analisar o passado dos comuns leva à evidente conclusão de que eles não merecem a posição que ocupam no mundo. Portanto devem ser destruídos.”

Contudo, chega a ser extremamente revelador quando versa sobre a política no planeta “Terras Externas”, “Na essência do denominado mundo capitalista, ou do mundo comunista, está o fato de que não é uma volição má sujeitar seu povo pelo poder do doutrinamento ou pelo poder das finanças, mas simplesmente a ambição natural de todas as organizações ser planificar todas as suas ações”.

Junto a fala, a câmera mostra o “Ministério da Dissuasão – Polícia”.

Alpha 60 é o arquétipo de todos os computadores, a reminiscência primordial da lógica.

Lemmy Caution

Se Alpha 60 é a expressão da lógica, Lemmy Caution é o extremo oposto. Ele é temperamental e impaciente. Analisa todas as pessoas com desconfiança e a medida que as vai conhecendo.

Para ele, a lógica do planeta é incompreensível e parece achar todas as pessoas estúpidas e ignorantes. Em determinado momento ele diz, acerca de uma aula de Alpha 60 sobre si mesmo: “Eu parti, porque não conseguia entender uma palavra do que ele estava dizendo”. Quando Natasha vai lhe explicar algum tipo de pensamento que aprendeu, ele muda de assunto como se estivesse indiferente a uma filosofia barata.

Lemmy se vê imerso em mundo de idiotas, cuja capacidade de articulação e apreensão da realidade é limitada, e conforme circula pelos meandros de Alphaville percebe que nada pode fazer por aquelas pessoas, que estão condenadas em sua própria ignorância.

Correndo o risco de recair na loucura do ambiente, ele se foca no seu objetivo primário que é assassinar o professor Von Braum.

Quanto a sua impaciência, ele mesmo justifica, “O professor Jeckel me perguntou por que eu atirei no homem que entrou no banheiro, quando tudo não passava de um psico-teste. Eu respondi que sou velho demais para discutir, então eu atirei. É a minha única arma contra a fatalidade.” – para complementar, cito Benjamin: “...como é alto o preço que nossos hábitos mentais tem que pagar quando nos associamos a uma concepção da história que recusa toda a cumplicidade com aquela à qual continuam aderindo esses políticos complacentes ao fascismo”2.

Conforme vão lhe mostrando o funcionamento do planeta, ele fica cada vez mais impaciente, e cada vez mais achando que todos são idiotas, desacreditando que as pessoas estão vivendo e acreditando naquela realidade.

A Palavra

Alphaville pode ser um filme sobre a Palavra.

É através dela que apreendemos o futurismo do filme, é através dela que reconhecemos os personagens(podemos diferencia – los entre os que dizem por que e os que não conseguem pronunciar a expressão), é por ela que Alpha 60 controla os habitantes e os transforma em imbecis, pois é ele quem escolhe quais palavras estarão contidas na Bíblia(que na verdade é um dicionário) e é por ela que ele expressa e explica o seu funcionamento(não é curioso o fato de ele fazer isso dentro do Instituto de Semântica Geral?).

A Palavra é também o meio pelo qual Lemmy atinge a ternura necessária para destruir Alpha 60.

É por conhecer a palavra consciência e por conseguir expressar através da Palavra seu amor a Lemmy que Natasha consegue salvar a si mesma.

Godard

Segundo Benjamin, alguém na história esteve a nossa espera3. Temos uma força messiânica para a qual o passado dirige um apelo.

Lemmy Caution é um homem do passado, que visita o futuro em prol de uma redenção desse passado, conseguida através da destruição de Alphaville. Mas teoricamente, a força messiânica está na esperança que o passado deposita em nós, contudo a salvação nesse caso vem do passado.

Me intriga muito nesse filme o fato de que Godard faz uma projeção de um futuro que seria inaceitável e perceber elementos desse futuro na realidade à qual estou inserido.

Questiono a força messiânica do meu presente, no qual deveria haver a redenção, e perceber assistindo ao filme que estamos sucumbindo à crueza da realidade à qual os homens do passado tanto temiam.

Me pergunto o que fazemos do presente, e o que podemos esperar do futuro, já que o nosso ideal de felicidade “é totalmente marcado pela época em que nos foi atribuída pelo curso de nossa existência”4.


Conclusões

Assistir a um filmes repetidas vezes e adentrar aos meandros da sua narrativa nos ausenta da magia de nos impressionar sem conhecer, e parece retirar do filme as forças desconhecidas que nos atingem e que modificam a nossa impressão da realidade.

Quero fica um bom tempo sem ver Alphaville.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

A tristeza do mundo é a tristeza da não-realização.
A realização não é um pacote pronto e moldado.
Não existe modelo de realização.
Cada ser humano é único, cada um se realiza da sua forma em particular.
Ainda não foram conhecidas todas as formas de realização. Os modelos não permitem que se as conheçam.
A não-realização é o potencial humano desperdiçado.
"Cada ser em si carrega o dom de ser capaz, e ser feliz"
Eu sou diferente de você que é diferente de mim que somos diferentes de todo mundo. Eu guardo semelhanças com você que guarda semelhanças comigo e todos temos semelhanças uns com os outros.
O seu potencial pode ser semelhante com o de outra(s) pessoa(s).
As pessoas conseguem ajudar umas às outras a cada uma descobrir o seu pontecial.
Quando alguém enxerga em muitas pessoas o potencial, e consegue fornecê-las meios para alcançá-lo, o alguém é um mestre.
A maioria dos mestres não estão mais nas universidades e nas escolas.
Lá estão os professores, que professam o conhecimento.
Os mestres tem raros lugares de atuação.
Empreendorismo não é um potencial universal.
Empreendorismo é um modelo.
Desconfie de tudo que é ou se pretende modelo.
A sociedade valoriza modelos.
Desconfie da sociedade.
Não-exploração de potencial é desperdício de energia.
Isso gera tristeza.
Levante a cabeça, respire fundo, tranquilize seu coração, aquiete a sua mente, erete a sua espinha.
O potencial está dentro de você e é seu Deus interior quem lhe diz.
Não desperdice.
Panela velha é que faz comida boa
Os ditados tem lá sua sabedoria.
Assistindo a um filme do Chaplin
Sinto alguma coisa que nada tem de nostalgia
Mais é esperença
Vejo que o velho pode ser o futuro.
Quero o que é bom não o que é novo
E o que é bom sou eu ser consciente que digo
Não entendo o desespero do moderno
Sou arcaico ultrapassado e sábio
Máquina no máximo a de escrever.
Gaya
Eu profetizo o equilíbrio
Aquele da paz
da Tormenta dos trovões
que sorri e que brinca
Não gosta mas respeita
Conhece de tudo gosta de todos
cada um em uma coisa.
Feliz aquele que vive entende a ternura
Eh lá! alegria alegria!
A vida é o violão que balança
Ê vidão bão!
Fingir esconder que nada!
Já entendi já entendi
Vou desenhar e ser feliz

sexta-feira, 22 de maio de 2009

As palavras sagradas

As palavras sagradas
Mantenha a mente intacta
Influencie não seja influenciado
Penetre mas não seja penetrado
Concentração
Ondas positivas emitidas
Conviva com a negatividade mas afaste - a
Interior isolante forte
Mente alma filtro
Alma armadura
Mente espada cajado
Barulho - interferência protege
Barulho - interferência desconcentra
Vela acesa para alguém
É luz que se pode tocar
Pedras que pesam podem proteger
Pedras-que-pesam por pouco tempo
Mantenha a vibração positiva harmonizadora amorosa

Marofa

Quando esse ar adentra meus pulmões
O mundo parece se acabar
Os olhos se enchem de perdições
O tempo se mostra parar
As cores demonstram paixões
Sei disso quando vejo meu olhar
Posso alcançar o céu , as estrelas
Ver flores num jardim, cheirá - las
Mas toda essa sensibilidade
Me faz ter medo do escuro
De voar tenho a habilidade
Mas me angustio se dos lados vejo um muro
Quando o ar vai embora
Bem sei que vou ficar
Mas por favor não demora
A próxima hora de enfim respirar.
Nietzsche sacrificou - se por nós,
Morreu louco para nos dar a luz da sabedoria
Que é gozar os tempos e squecer os pormenores.
Quão ranzinza, ríspido e azedo
Teve ele de ser,
Para descobrir que a essência de estar vivo
É a Ternura.
Quando entendeu ficou louco.
Eu estou ficando louco.
Porque já entendi sem ler Nietzsche
E ando ficando ríspido ranzinza azedo.
Jesus está aí, esquecido.
Sobraram os paus e os pregos,
E o martelo caiu em mãos erradas meu Deus!
Ah, maldito racionalismo!
Que fizeste até hoje à humanidade
A não ser guerras e alguns anos a mais de vida?
Quanta contradição!
Para quê tantos prazeres desperdiçados??
A vazia classe média busca tornar - se rica.
Que querer ignorante esse, sustenta e distancia o próprio objeto do desejo.
Não sabe que bom mesmo é ser medíocre; quanto mais objetos eletrônicos e mais cartões,
maior é a dor de cabeça: ai!
"Quero mais remédio", gemem por aí.
Apriosionamento constante, imbecilidade hahaha
Porque a lua vive mais alta do que todos os prédios
Porque ainda vejo casais sem fronteira de sexualidade num beijo entregarem seus corpos e suas almas
Porque o Sol ofusca o brilho de ganância nos olhos dos homens
O Sol! cuja luz que cessa no fim de tarde é a mesma luz da escalada lunar às estrelas.
Porque eu vejo crianças com perguntas e toques desprovidos de perversão
Porque há palavras, meu Deus, que existem por si e nada mais querem que um novo despertar dos sentidos.
Ainda vejo árvores com mais, e outras com muito mais de 100 anos... nelas a sabedoria persiste.
Há a vida! e eu creio nela
Pois não importa que matem as flores
Haverá sempre a Primavera, onde todos os botões que existirem brotarão em pétalas.
E só não morro e não morro por ela, a Vida
Que triunfa quando golfinhos indicam o caminho de liberdade a uma baleia encalhada,
quando as raízes de uma árvore invadem o asfalto duro e impenetrável de São Paulo.
E por incrível que pareça - e a vida é incrível - encontrei - me com quatro amigas felizes e realizadas por serem mães.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Ondas se alevantam insatisfeitas
Hoje eu acordei insatisfeito
Andei bebendo cerveja de mais ontem à noite
Você tem bebido demais do sacolejo indigesto do planeta
Entendi agora os olhos de Capitu.
A fúria que sequer aceita passivamente um mergulho
Sem lançar para fora o entulho que o invade
No momento do teu sono mais profundo.
Pedras escondidas saltam para fora da areia águas explodem nos trapiches e contra elas mesmas
Passantes param e observam
Hoje é o seu dia Oceano
Quando tens o seu direito de descansar e perturbar o mundo
Nada de capoeiras e leituras e meditações!
A areia só tem o lixo humano que cuspiste e o resto de natureza rasgada que varreste com sua grandeza implacavelmente bela
Nada de tranquilidade!
A maresia me envolve no pavor de ser engolido sem pegadas e bilhetes de Adeus
Ah quanta pequenez!
O Pavor
A Capoeira
O êxtase e a explosão!
Tudo muito humano demasiado humano
Aos olhos do Universo a nossa íris é poeira cósmica
Olhando de baixo
Porque de cima
A ressaca é a serenidade d0 mar

sexta-feira, 10 de abril de 2009

O Mito da Evolução da Humanidade

A Humanidade no sentido como a conhecemos, pela história datável de que constam os estudos paleontológicos e arqueológicos, tem por volta de 12.000 anos.
Desde então muita coisa se modificou.
Fala - se muito em Evolução; para mim isso é uma falácia.
Negar que o homem mudou é tão ignorante quanto dizer que ele evoluiu.
As mudanças são evidentes quando comparamos os níveis de desenvolvimento: das comunicações entre os seres, das ferramentas utilizadas por ela(a Humanidade), da linguagem, das expressões artísticas, da alimentação, dos meios de transporte, das formas de governo, da medicina, e tudo o mais que permeia nosso cotidiano, que no fundo temos em comum com o homem antigo da Revolução Agrícola.
O que é absurdo, e que para mim esculacha qualquer afirmação de evolução, é que uma preocupação fundamental das coisas humanas existia, desde o homem da pré-história, e persiste até hoje - a preocupação com a sobrevivência.
As pessoas nômades eram nômades não pelo prazer hippie de viajar, mas porque elas mudavam de lugar em busca de comida, abrigo, aconchego térmico.
Quando elas evoluiram para as técnicas de agricultura e domesticação de animais, a preocupação com a alimentação foi sanada, a de abrigo também e, encontrar um lugar ameno para plantar significava tamém encontrar um lugar com temperaturas mais suportáveis de viver.
Claro que, enquanto alguns grupos conseguiram desenvolver técnicas agro-pecuárias, outros permaneciam nômades, e alguns conflitos surgiram daí.
Os vagantes queriam a estabilidade, mas ainda não tinham técnica para isso.
A Guerra nasceu.
Quem tem terra e planta, se defende de quem não tem e ataca.
O tempo foi passando, passando, passando e pronto, estamos no hoje.
A comunicação, que se dava pela via oral exclusivamente, hoje goza de inúmeras ferramentas que permitem um alcance infinito dentro e fora da Terra(satélites, telefones, internet e blá blá blá); a aliementação tem requintes artísticos e medicinais(alta Gastronomia, leiam o livro "Alimentos contra o Câncer"); o transporte, que se limitou aos pés e às pernas, passou pelos cavalos, conta com carros, trens, aviões, navios.
Agora lhes pergunto, e a sobrevivência?
Antes, fazia - se guerra para sobreviver, hoje se trabalha.
Mas não é essa concorrência pelo emprego, uma guerra pela sobrevivência?
Exige - se cada dia mais de um conhecimento extra(ensino médio, línguas estrangeiras, conhecimentos em informática, curso superior, pós - graduação) para que se tenha um emprego adequado à sociedade tecnológica.
O Movimento dos Sem-Terra é um grupo de pessoas nômades que lutam por um pedaço de terra para plantar, pela sua sobrevivência.
É exagero afimar que, como antigamente, algumas pessoas matam outras para sobreviverem?
Alimentação, roupas e outras coisas básicas aos instintos humanos deveriam ser gratuitas.
A Evolução dos Seres, espiritual, intelectual, física, artística, depende de tempo para se constituir.
Pode uma pessoa que passa fome, pensar em política?
Não é preconceito afirmar que o patrimônio intelectual e artístico da humanidade foi construído, pelo menos até meados do século XIX, pela Aristocracia, pela Nobreza e pela Alta Burguesia.
São eles que tinham tempo de pensar, de desenvolver habilidades artísticas, e claro, tinham poder e dinheiro para que isso fosse guardado e preservado ao longo dos tempos.
Isso aconteceu desde sempre.
Os grupos que conseguiram, na alvorada da estabilidade humana, plantar o seu próprio alimento, enquanto esperavam o alimento germinar, se desenvolver e ser colhido, tinham tempo de olhar para o céu, observar as estrelas, entender o fucionamento doUniverso, das fases da Lua, das posições do Sol.
Todo esse conhecimento só pode vir do tempo livre.
Faz 12.000 anos que perdemos todo tempo de nossas vidas mirabolando como sobreviver.
Se o custo de todas as fases dos meios de produção de alimentos são excluídos, a comida pode ser de graça.
Distribui - se a terra não para grandes empresas, mas para diversas famílias de pequenos produtores, onde todos eles plantam de tudo, ficando responsáveis pelo abastecimento de determinadas regiões, exclui - se os agrotóxicos, implantando técnicas agroecológicas e artesanais, que são muito mais eficientes, produtivas, saudáveis, justas.
Para essas famílias que produzirem o alimento da humanidade, dá - se benefícios, sejam eles quais forem, dinheiro, carro, eletrodmésticos, conhecimento, viagens, qualquer coisa, mantendo - se o fato de que a comida que eles produzirem será distribuída por aí de graça.
Obviamente, as pessoas tem necessidades particulares, mas digo que essa comida distribuída gratuitamente é o mínimo para que se tenha saúde e despreocupação com o que se comer amanhã. O que for extra, o prazer de comer, alimentos mais sofisticados, que as pessoas busquem por si próprias.
O que não dá é a humanidade barrar sua evolução por preocupações tão banais e cotidianas como essa.
Afinal, são 12.000 anos(se levarmos em conta apenas o período de sedentarismo do Homo sapiens pois, tomando como base o início de sua existência, são milhões de anos) de inquietação com o mesmo problema. Não lhes parece haver algo de errado com isso?

terça-feira, 10 de março de 2009

A televisão narrativa e a fabricação de ídolos

O Corinthians é o time de futebol que mais atrai publicidade para si.
Parece que, de uns 4 ou 5 anos pra cá, algumas contratações se baseiam na publicidade que esses jogadores trarão para o time.
Recentemente, o time contratou Ronaldo, o "fenômeno", com o aparente propósito de dar ao jogador a forma física adequada aos padrões europeus, para que o atacante volte a jogar no velho continente.
Mas apenas o fato de ele estar contratado, já sustenta metade do tempo dos programas de esporte nacionais.
A televisão, notadamente a rede Globo, angaria para si a responsabilidade de promover o Timão.
Dizer que sua postura midiática é conivente com a política da Direção do clube é um eufemismo, uma suavização desnecessária.
A rede Globo é promotora dessa "festa" em cima do Corinthians.
A novela "Ronaldo, o 'fenômeno'", mostra, desde sua chegada ao Brasil, a saga de um herói em busca de sua superação e provável consagração.
As reportagens diárias dão conta do cotidiano do jogador, os seus avanços, as gramas que ele perdeu em um dia.
A reportagem assim, perde seus status de "documento", com intuito apenas de mostrar o que acontece em um grande time de futebol brasileiro, para se transformar em narrativa.
Há uma progressão construída, baseada no fato real de que o jogador precisa primeiro entrar em forma para depois entrar em campo.
Essa evolução narrativa teve o seu desfecho(parcial, é óbvio) no clássico Palmeiras X Corinthians, quando Ronaldo estreou finalmente.
Como nas novelas, a entrada em campo pela 1a vez do jogador foi antecipada de suspense, especulações, torcida pelo triunfo do herói que sofreu, sofreu, e agora terá sua chance de mostrar porque veio ao mundo. O mesmo moralismo contido nos romances românticos do século XIX.
O momento não poderia ser mais oportuno. Um clássico do futebol, o Corinthians sai perdendo, e o herói entra nos 30 minutos finais da partida para salvar o coração sofrido do torcedor.
Alguns lances bonitos e um gol oportunista, de cabeça(como qualquer outro atacante certamente faria), e pronto: "ELE VOLTOU!!".
Os grandes jogos de futebol são cobertos por um sem número de câmeras, que dão conta de cada milímetro do campo. As belas jogadas, os gols, são acompanhados por zooms telescópicos, de diversos ângulos, que proporciona à imagem dos jogadores alguma coisa maior que eles realmente são.
Isso é a linguagem que proveio originalmente do Cinema. Os recursos da câmera dão um recorte da realidade, para propor uma narrativa.
Hoje em dia Cinema e Televisão se usurpam elementos e se fundem entre si, ficando difícil delimitar as fronterias do que é o quê.
A reportagem do dia seguinte ao jogo ocorreu dentro do esperado: mostrou o craque em seus parcos lances bonitos, mas que mostrado de diversos ângulos, realmente parece que ele fez muita coisa, ou pelo menos mais do que fez.
A reação da torcida ao gol também foi dentro do esperado: pessoas babando inconscientes, grudando no alambrado desesperadamente, Ronaldo indo de encontro aos seus fãs.
Também pudera, o conto de fadas ocorria bem diante de seus olhos, o príncipe saía do imaginário e vinha em suas direções.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Minha cara é de pau
O Ás é de paus
A vida é um risco
Arrisco no jogo
Estar distraído é estar protegido
Rogo ao coração, jogo.
Vergonha
Apreensão
Medo de estar solto
A leveza de tudo se foi
Caminhar ao acaso é sentir o Fogo
É assim e sempre será.
Mas o jogo é conflito,
que nos deixa sem o Véu que vem do Céu
O Material que se perde é pouco
Ruim mesmo é o sufoco.
O Ás é de paus.
Minha cara agora queima em vermelho.
Sem jeito.
Nunca há culpa,
mas o Ás, que agora é de espada,
rasga o Véu da segurança
trazendo impaciência ao Processo.
Inconsequência.
Nunca há culpa ou prejuízo porque tudo é perdoado
Em tal circunstância, salva-se pela palavra.
Mas o diálogo está em jogo.
Porque as cartas estão à mesa,
e a cara é de vergonha.
A palavra resiste, nunca há culpa.
Vira poema ou vira qualquer coisa.
Arriscar é viver a vida leve.
O vento...
E se pesa a cara de pau
O Véu não a cobre,
pois é suave, solto.
E quando jogar com a vida,
os sentimentos puros são a única moeda de aposta.
Quer virar uma carta?

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Noite adentro
Luz de quarto acesa
cheiro de coentro
Tempero que amanhã vai à mesa
Não é isso que me tira o sono
Muitos copos d´água
Para afogar os soluços
Esquecer-me das mágoas
Minha cabeça é um calabouço
Não é isso que me tira o sono
Engasgo
Cuspo uma palavra que cai no papel
eu leio e rasgo
Brigo, escrevo, esqueço o céu
A noite adentro é de lavra
Dói meu pescoço, eu mudo a rima
Era isso que me tirava o sono.
Engasguei, cuspi
Zzzzzzzz.......
Dormir e sonhar são mutualísticos
Inteiros são quando há descanso
O repouso da alma existe
quando a mente está em silêncio
O sonho é a viagem diária
que nos conduz à nossa evolução
o paraíso onde nos encontramos
sem qualquer interferência externa que haja sobre nós
Para isso é preciso ser sereno
O repouso o descanso e o silêncio da alma
são serenos
Dormir é sagrado e revoluciona nossa vida.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Um sino que bate na minha cabeça sem parar

No filme "Não Estou Lá", que mostra, na interpretação do cineasta, as várias facetas de um poeta norte-americano, Bob Dylan, há uma cena em que uma dessas facetas, a de poeta, versa sobre 7 coisas que você não deve fazer se quiser viver a vida completamente livre. A última é esta: "Don´t create nothing"; não crie nada, porque tudo o que você criar será rotulado como parte de você pelas pessoas para o resto da vida. Como se uma criação fosse uma definição de si mesmo, uma limitação.
Isso não é verdade.
Nós não somos nossos filhos por expemplo.
Vivemos tentando nos projetar neles, mas a frustração eterna de todo pai é perceber que o resultado não saiu como o projeto. É claro. O filho, a obra de arte, a criação, está sujeita ao olhar alheio, ao tempo e às suas próprias experiências.
Quando se escreve alguma coisa e as pessoas lêem, gostam e tomam aquilo como sua verdade, o escritor se torna escravo daquilo se não souber ignorar a opinião pública.
A escrita vem em momentos em que alguma coisa passa de relance na cabeça, uma coisa pronta, com as palavras quase todas guardadas, o trabalho é saber localizá - las, e aquilo foi o que aconteceu naquele instante de uma vida que não vive daquilo.
Tudo isso é uma tentativa de explicação, estou com a sensação de ter escrito alguma coisa que possa ser mal-interpretada pelas pessoas, mas não há como escapar.
As palavras, as imagens, ou toda forma de expressão, podem ser utilizadas para muitos propósitos e muitas situações, são muito subjetivas todas elas. Por isso creio eu que não devam ser levadas muito a sério.
As palavras desatam nós, mas seus significados estão soltos, à revelia de quem fala e de quem ouve.
Nisso reside a beleza do subjetivo.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

O mundo Favorito

Assistindo a um dos capítulos da novela "A favorita", me deparei com o conflito central da trama, que gira em torno das personagens Flora e Donatella.
Uma é a heroína, a outra vilã. Não há como negar que as novelas são maniqueístas e o autor faz uma escolha moral por um personagem.
Veja só que coisa esquisita.
O que pude perceber acompanhando alguns dias da novela foi que a Flora é uma personagem psicótica, neurótica, desequilibrada.
Por causa de uma picuinha do passado(aliás, os personagens de novela são estranhamente sempre muito rancorosos), ela resolve perder todo o tempo da sua vida para se dedicar a fuder a dos outros. Ela matou o marido da amiga, ficou presa, saiu da cadeia, voltou a procurar as pessoas do passado, e começou a infernizar a vida de todo mundo, pra quê? Nem ela sabe, mas o fato é que ela tem medo de ficar sozinha e afasta as pessoas de si, Sigmund Freud explica.
Ela vive num embate com Donatella, a antiga amiga. Esta coitada, sofre com a perseguição empunhada pela outra.
Perdeu o marido, quase perdeu o amor da filha, foi pra cadeia, se ferrou a novela toda por causa da carência da amiga.
Mas o que é muito esquisito mesmo, é que a tal da Flora faz todo um showzinho particular, grita, da escândalo, mata, conspira, ironiza. O que ela está fazendo? Chamando atenção pra si. Está no direito dela, é sua carência.
E a outra?
À Donatella coitada, falta um pouco de clareza e sabedoria. Ela entra no joguinho da Flora, grita com ela, sofre, chora, xinga, manda à merda, pede pra parar, pede desculpa, xinga de novo.
Faz tudo, menos o que deveria fazer: desencanar dessa história toda de vingança que realmente não faz bem a ninguém.
Quando a criança é muito mimadinha e faz manha, ou a gente ignora, ou tira uma onda do berreiro pra ver se ela aprende, mas nunca deve gritar com ela, porque entrar no joguinho da criança mimada é o que não pode.
Claro, esse é o mundo virtual.
O mundo real é que a novela precisa de audiência, a trama precisa de algo que sustente essa audiência, e um bom barraco chama mesmo a atenção.
Mas por falar em crianças, gritaria, barraco, vingança, nada disso é bom exemplo de valores que uma criança deva simpatizar no início da vida. Não é lá muito saudável. Assim como as novelas.
A favorita está acabando, mas logo virão outras favoritas, cujo diretor terá algum personagem favorito, e não é o vilão o perigo da história, mas nesse caso o herói.

Manifesto em defesa das mulheres

No filme "O Código Da Vinci", lá pelas tantas, o professor Robert Langdon explica para até então agente da polícia francesa Sophie, o mistério do Santo Graal e aquela história toda, e conta a ela sobre a simbologia do cálice, mostrando como a estrela de Davi representava o equilíbrio entre o feminino e o masculino.
No caso, ele cita que parte desse equilíbrio é o sexo.
O Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos, considera feminino e masculino estados de espírito, e o equilíbrio entre esses estados dentro de cada ser é fundamental para a compreensão de Deus.
Muito se discute sobre a condição da mulher no mundo, sobre seu papel em um mundo majoritariamente machista.
Eu acho essa discussão uma besteirada sem fim.
Os movimentos feministas, que se iniciaram com a introdução da mulher no mercado de trabalho criado pela indústria do século XVIII, deram início à consolidação da supremacia masculina no mundo. Coitadas, as operárias do século XIX que lutavam por ter direitos trabalhistas iguais aos dos homens, para si e para seus filhos que iam juntos para o trabalho, mal sabiam aonde tudo isso ia dar hoje em dia.
Avançando mais um pouco, os anos 1960 trouxeram ao menos a liberdade sexual da mulher para os tempos modernos, ufa, menos mau.
Mas veja bem, cada vez mais mostram-se mulheres ocupando cargos que eram de homens, e isso é mostrado como um avanço enorme. Pois bem.
O fato é o seguinte, a mulher quando começou a lutar pelos seus direitos, não buscou a valorização dos aspectos femininos que são de sua natureza: o amor, a harmonia, a fantasia, a geração da vida, o fruto, a intuição.
Na verdade, sucumbiu e enquadrou - se na lógica racionalista e fria dos homens.
Claro que isso tinha um intuito muito nobre, tornar - se independente do macho. Um objetivo muito plausível, mas as consequências disso são trágicas.
Ao invés de lutar para que a sua sensibilidade, o seu amor, a sua sensualidade, em cujos frutos está o valor supremo da vida, tivessem valor equiparado à capacidade de liderança e a razão do homem, elas buscaram mostrar que podiam ser iguais a eles. Só assim conseguiram ter valor no mundo.
Deveriam elas ter seduzido, feito carinho, colocado amor no coração dos homens de poder para amolecer essa bomba de pedra que é o coração masculino. Assim nenhum deles pensariam tanto em guerras, ambições, destruição. Tudo isso que começa com as brincadeiras de bater em coleguinhas quando criança e termina nisso, perversão bélica.
O que vemos hoje é isso, executivas orgulhosas de seu trabalho na empresa mas se afundando em depressões e remédio pelo fracasso na vida pessoal.
Orgulham-se os países em terem presidentes mulheres, mas isso tudo, me desculpem, é muito anti-natural. Dá pra imaginar uma mulher apertando um botão que envia uma bomba pra algum lugar e mata crianças, e ela não pensar nos filhos?? Isso vai contra sua natureza. É perverso colocar uma mulher em tal situação. Mas vejam, isso tudo é muito positivo!!! QUe bom ela amolecer diante de uma bomba.
Guerra é coisa de homens recalcados, mal-amados e carentes de amor, que suprem tudo isso com a ambição.
Mulheres, não caiam nessa... Procurem seu lugar no mundo. Transformem a feminilidade em valor fundamental da humanidade.Há que haver o equilíbrio entre o feminino e o masculino.
Estou sugerindo que vocês voltem pra cozinha e vivam a mercê de um homem? De forma alguma!
Mas ajudem a amolecer o coração dos poderosos, porque quem ama não quer poder, quem ama não pode, não consegue fazer guerra e nem pensa nela!
Usem sua feminilidade e sobrevivam dela. Se ela é uma coisa natural, então há de trazer sobrevivência a vocês! Porque na natureza é assim, se uma coisa faz parte dela, então a Mãe fornece os meios para a sobrevivência.
E a Natureza é mãe e Deus é pai e os dois são a mesma coisa.