sábado, 26 de junho de 2010

Solaris - Andrei Tarkovsky

Platão broxado
Ulisses desvendado, desamarrado
As mulheres de Lesbos soprando cânticos em seuss ouvidos.

A Grécia enlouquecida nos cantycos mântricos bacantes,
embebidas em vinho elas sopram desrazão e samba canção
na barba de Sócrates.

O velhinho traiu Apolo.
Caiu na dança serpentinesca.
Sacudiu o ventre barrigudinho.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Fim de semana com amigos.
Peixe
esperando no forno.
Muito mate pra aguentar o frio,
e muita esperança pra aquecer a amizade.
A vida flui e troca
através de abraços, livros e sons.
Xadrez.
Cozinha.
Recordações que viram presente.
Ê vida boa!
Quem deseja e não age engendra a peste
A natureza não é um espetáculo de bondades
Quem quer passar além do Bojador tem que ir além da dor

domingo, 13 de junho de 2010

A terra é o leito da semente e o berço da árvore.
O Homem materializa tudo que está na sua mente.

Isso se dá pelas palavras, pela música, pelas imagens ou pela construção de coisas.

Coisas mecânicas, coisas eletrodomésticas, coisas automóveis, coisas pontes, coisas comidas, coisas sons, coisas instrumentos coisas coisas coisas coisas.

O que impulsiona tudo isso é o desejo.

Creio que esse desejo de coisificar o mundo é um desejo de expandir o próprio corpo. Ele se realiza através da criatividade em construir, dar vida a um pensamento, materializá-lo, literalmente. É a força suprema da vida, a força da criação.
A força que está em Deus e a força que Nietzsche preconiza no ser humano super pessoa. É a força de Brahma dos povos hindus.
A criação acontece quando as as energias se superconcentram, como um círculo de força que a cada ciclo concentra mais e mais energia e a coisa sai.



Assim, penso que os aviões, as mídias 3d, as realidades virtuais, os robôs, os óculos, são na verdade próteses de expansão da capacidade do corpo.

É o desejo reprimido, frustrado e inantigido, pois vem do fato de apenas com o nosso corpo não podermos voar, acionar um botão e ele funcionar da maneira como nós queremos, não enxergar com zoom 32x.


Pois bem.

O ser humano é muito limitado.

Limitado não porque não é capaz, mas porque não se aventura a conhecer e expandir os próprios limites e a capacidade do corpo. Conhecemos muito pouco do nosso corpo.

Quando romper a barreira da preguiça verá que o corpo na verdade pode fazer o que ele quiser e as próteses não mais serão necessárias.

Matrix, está aí para comprovar.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Militante?
Não sou limitante em nada.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Não me julguem pelos meus pensamentos secretos; até a mim eles assustam.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Ingerir substâncias psicoativas como Argyreia nervosa, ayahuasca ou jurema preta, é adentrar no mito do labirinto.
Quando você entra, as portas se fecham, você se vê perdido e a única saída é a luz que há no fim do túnel.
No caso, o túnel somos nós.
E que túnel escuro é os aspectos longínquos da nossa mente.
Fazer uma viagem nas profundezas da mente é perigoso.
Demanda coragem e desapego.
É como o alpinista que se arrisca no gelo, sem saber se terá ar suficiente para ir até o cume da montanha e voltar.
Ou quem se aventura a nadar no mar e passar a arrebentação das ondas para se entregar à imensidão do oceano, para depois retornar à segurança da terra, da areia.
Quem sabe ainda, sobre aquele que imerge numa gruta escura?
Perdido nos confins da Terra, o camarada viaja nos confins de si mesmo.
O fato é que o vazio e a escuridão total são as metáforas do espelho, do cristal.
Mergulhadas na escuridão, as pessoas humanas deparam-se consigo mesmas.
Nessas entidades potencialmente míticas, não existe mal em si; elas apenas se projetam como possibilidades do quê um ser vê em si mesmo.
O mesmo ocorre quando, num golpe de sorte da Vida, deparamo-nos com uma criança pura.
Subir montanhas, lançar-se ao mar, imergir em uma gruta, ou fixar os olhos de uma criança cristalina é reproduzir na ação o que se pode alcançar ingerindo uma substância daquelas.
(como o astronauta no espaço, o grupo que se embrenha na mata para fazer uma trilha distante)
Apesar de parecer muito mais seguro, por não colocar o corpo em risco, essas plantas sagradas nos mostram a verdade tal como ela se apresenta naquele momento, sem muitos códigos ou sinais; contudo, exige preparo e desapego, pois o corpo pode não estar, mas o ego com certeza sim, está em perigo.
Para uma mente muito racional, baseada em artifícios filosóficos e morais muito definidos, adentrar na sua escuridão pode ser nocivo e enlouquecedor, se essa mente não se dispuser a desacreditar de tais verdades.
Esse mito não se cansa de ser reproduzido na literatura e no cinema.
Cito dois exemplos cinematográficos.
Em Guerra nas Estrelas: O Império Contra-ataca, mestre Yoda sugere que Luke entre numa floresta escura, e diz que é inútil levar seu sabre de luz.
Lá, Luke encontra seu maior medo: Darth Vader, e óbvio, no momento ele não estava preparado para enfrentá-lo.
Ou, por exemplo, em Senhor dos Anéis, Gandalf é sugado para escuridão pelo chicote do Balrog, um demônio das profundezas da Terra.
Gandalf tinha medo de ir na passagem das Minas Tirith, pois lá, nas profundezas, no fim da terra ele sabia, intuitivamente que se depararia com seu maior medo.
O medo primário do ser humano é a morte, não necessariamente do corpo, mas de valores, de conceitos, de situações da vida.
Ao adentrar no túnel, nunca sairemos igual, morreremos certamente.
Mas o ciclo pressupõe que à qualquer vida segue-se a morte, e à qualquer morte, segue-se outra vida, sempre mais pura, cristalina.
Depois de passar pelas profundezas da terra, e enfrentar seus medos mais profundos, é que Gandalf renasce
branco, puro.
É o arquétipo do aventureiro que fala aqui, o do navegador português, cantado e mitificado por Fernando Pessoa e Luís de Camões, que saía ao mar, deixando tudo que tinha de seguro para trás em busca do desconhecido. O nosso espírito, fim último da mente, é o nosso desconhecido, o alto-mar, o espaço.
A aventura tem sempre como destino, o Fim.
Esse mito foi vivido e reproduzido na construção do imaginário americano.
O velho oeste era o fim, o distante, o lugar do perigo, aonde se morre e também aonde se renasce, aonde há oportunidades de vida nova.
O mito do fim da linha do trem, o meter o pé na estrada. Partir; o ato de partir.
Quando se parte nunca se volta, não como se era antes.
Indo para lugares distantes, fugindo do conforto do lar, abre-se a oportunidade de viver experiências que nosos Eu da cidade natal não viveria.
Estamos expostos a decepções, medos, Cidade grande, cidade pequena,
Ilusões perdidas.
Há um quadro de Kasimir Malevitch muito profundo.
É "O quadrado negro, o quadrado branco".
Consiste basicamente em dois quadrados, um negro, e outro, envolvendo o Um, branco.
O branco envolto ao preto faz o olhar ser focado totalmente no preto. O preto nos puxa, suga, convida.
Mergulhar nesse quadro, no negro, no escuro, é um mergulho em si mesmo.