terça-feira, 25 de agosto de 2009

Desculpem - me todos mas sou um jovem chato e ranzinza que gosta de dar opinião sobre tudo.
Eu sei de algumas coisas e não sei sobre muitas.
Sei por exemplo, que está acontecendo um processo contra o senador José Sarney por mau uso da maquinaria pública, e que muita gente hoje em dia está brava com ele.
O resto todo eu não sei. Não tenho tido tempo e paciência para acompanhar a televisão, não tenho dinheiro para comprar jornais e mesmo que tivesse não teria tempo de lê-los pois estou ocupado estudando textos sobre Cinema(o que pode não parecer, mas toma muita energia).
Eu vejo por aqui pessoas organizando protestos e marcando encontros do tipo "Fora Sarney", entrei numa comunidade do orkut do tipo "Eu gosto de Samba", e lá estava no perfil da comunidade "Fora Sarney".
Se eu falar que ouço é mentira, mas imagino eu, que se estivesse com os ouvidos atentos, ouviria alguma coisa como "É um safado!", "Roubando nosso dinheiro a tanto tempo!", "Não sei como ele ainda continua...." e por aí vai.
Como disse antes, estou ranzinza, chato.
Não como muitos produtos industrializados, não ando engolindo qualquer coisa.
Essa euforia com o "Fora Sarney" a mim é indigesto.
Acho linda a mobilização de pessoas em prol da democracia, mas essas coisas no Brasil são mais um tipo de festa eufórica do que uma consciência política.
A população reclama porque saiu na televisão.
Sarney está exercendo algum tipo de poder a no mínimo 45 anos e para mim, sua possível queda nesse momento é mais uma manobra de politicagem de alguém que eu não faço ideia de quem seja.
Eu disse no começo, não sei de muitas coisas.
Uma coisa eu sei, é que no Brasil, quando um dos caciques políticos caem, é que sobre as costas dele estão se erguendo outros.
É uma tática antiga e todos deveriam conhecê-la. Usa - se o moralismo da opinião pública e o poder da imprensa para apagar o poder de um político, enquanto por debaixo do tapete outros rastejam para dentro do Palácio.
É tão antigo e banal que me cansa.
Me cansa essa euforia, vamos derrubar o Sarney. Mas e aí, derrubou o Sarney(será?), e o nosso sistema político continua tal qual é, funcionando através de barganha. Caindo um, dois, cem, continuam outros 200, 300, que exercem o poder a 30, 40 anos.
São homens velhos, chatos e ranzinzas como este que vos escreve. Eu pelo menos continuo jovem e inofensivo do lado de cá, escrevendo.
Eles estão fazendo política como se fosse profissão.
Eu sei de outra coisa, política não profissão, é proposta.
Alguém pode dizer isso ao eleitorado brasileiro por favor?

Dica: assistam(no youtube deve ter) o documentário Maranhão 66, de Glauber Rocha. Acho que é muito pertinente nesse momento.

terça-feira, 18 de agosto de 2009


As pessoas têm muito medo daqueles que conhecem a si mesmos. Estes têm um certo poder, uma certa aura e um certo magnetismo, um carisma capaz de libertar os jovens, ainda cheios de vida, do aprisionamento tradicional...

O homem iluminado não pode ser escravizado -- este é o problema -- e não pode ser feito prisioneiro... Todo gênio que tenha conhecido um pouco do seu íntimo está fadado a ser um pouco difícil de ser absorvido: ele deverá ser uma força perturbadora. As massas não querem ser perturbadas, ainda que se encontrem na miséria; estão na miséria, mas estão acostumadas com isso, e qualquer um que não seja um miserável parece um estranho.

O homem iluminado é o maior forasteiro do mundo; ele parece não pertencer a ninguém. Nenhuma organização consegue confiná-lo, nenhuma comunidade, nenhuma sociedade, nenhuma nação.

O pequeno poema anterior foi escrito quando eu estava num momento de dúvida existencial e ouvia uma música, "All Blues", de Miles Davis(a música lindamente casava com minha questão).
É muito por acaso que eu agora escrevo ouvindo a mesma música.
É muito por acaso que essa é a 4a vez que o disco Kind Of Blue toca aqui em casa.
É muito por acaso que hoje é aniversário de 50 anos desse mesmo Kind Of Blue.
O disco é uma proeza de sintonia musical.
Miles chegou no estúdio com apenas alguns esboços do projeto para o disco.
Deu aos músicos(um set de músicos fantásticos, inclusive John Coltrane, sax tenor para quem montaram uma Igreja nos Estados Unidos) apenas algumas partituras e umas ideias do tipo de som que gostaria.
O resto é magia sincrônica.
Eram outros tempos, e não se faz música como antigamente, mas a música acima de tudo une os músicos numa energia fantástica que atinge o público.
Essa energia não surge de ensaios e excesso de produção, ela é espontânea, e nem adianta forçar.
Miles Davis era um homem meio esquisito, de caráter -a meu ver- duvidoso. Contudo tinha ele a proeza, segundo vários músicos que tocaram com ele, de unir os músicos com seu trompete. Algumas músicas são tocadas em polifonia e poliritmos, diferentes tempos e diferentes harmonias para cada instrumento.
Não importava, Miles era a sintonia, a coesão, de uma forma que só o acaso proporciona.

domingo, 2 de agosto de 2009

Por que sim por que não?
Pra quê leve para quê peso?
Para levar aonde?
Por que eu para quê nós?
Por que divino por que profano?
Por que duvidar?
Acreditar?
Em quê?
Seguir ou ir sozinho?
Cultura?
Ignorância?
Posso ficar no meio?
Estou fadado a escolher sempre entre três caminhos?
Há mesmo um equilíbrio de que falam por aí?
Existe uma realidade absoluta?
?...
Miles Davis - All Blues