terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Um sino que bate na minha cabeça sem parar

No filme "Não Estou Lá", que mostra, na interpretação do cineasta, as várias facetas de um poeta norte-americano, Bob Dylan, há uma cena em que uma dessas facetas, a de poeta, versa sobre 7 coisas que você não deve fazer se quiser viver a vida completamente livre. A última é esta: "Don´t create nothing"; não crie nada, porque tudo o que você criar será rotulado como parte de você pelas pessoas para o resto da vida. Como se uma criação fosse uma definição de si mesmo, uma limitação.
Isso não é verdade.
Nós não somos nossos filhos por expemplo.
Vivemos tentando nos projetar neles, mas a frustração eterna de todo pai é perceber que o resultado não saiu como o projeto. É claro. O filho, a obra de arte, a criação, está sujeita ao olhar alheio, ao tempo e às suas próprias experiências.
Quando se escreve alguma coisa e as pessoas lêem, gostam e tomam aquilo como sua verdade, o escritor se torna escravo daquilo se não souber ignorar a opinião pública.
A escrita vem em momentos em que alguma coisa passa de relance na cabeça, uma coisa pronta, com as palavras quase todas guardadas, o trabalho é saber localizá - las, e aquilo foi o que aconteceu naquele instante de uma vida que não vive daquilo.
Tudo isso é uma tentativa de explicação, estou com a sensação de ter escrito alguma coisa que possa ser mal-interpretada pelas pessoas, mas não há como escapar.
As palavras, as imagens, ou toda forma de expressão, podem ser utilizadas para muitos propósitos e muitas situações, são muito subjetivas todas elas. Por isso creio eu que não devam ser levadas muito a sério.
As palavras desatam nós, mas seus significados estão soltos, à revelia de quem fala e de quem ouve.
Nisso reside a beleza do subjetivo.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

O mundo Favorito

Assistindo a um dos capítulos da novela "A favorita", me deparei com o conflito central da trama, que gira em torno das personagens Flora e Donatella.
Uma é a heroína, a outra vilã. Não há como negar que as novelas são maniqueístas e o autor faz uma escolha moral por um personagem.
Veja só que coisa esquisita.
O que pude perceber acompanhando alguns dias da novela foi que a Flora é uma personagem psicótica, neurótica, desequilibrada.
Por causa de uma picuinha do passado(aliás, os personagens de novela são estranhamente sempre muito rancorosos), ela resolve perder todo o tempo da sua vida para se dedicar a fuder a dos outros. Ela matou o marido da amiga, ficou presa, saiu da cadeia, voltou a procurar as pessoas do passado, e começou a infernizar a vida de todo mundo, pra quê? Nem ela sabe, mas o fato é que ela tem medo de ficar sozinha e afasta as pessoas de si, Sigmund Freud explica.
Ela vive num embate com Donatella, a antiga amiga. Esta coitada, sofre com a perseguição empunhada pela outra.
Perdeu o marido, quase perdeu o amor da filha, foi pra cadeia, se ferrou a novela toda por causa da carência da amiga.
Mas o que é muito esquisito mesmo, é que a tal da Flora faz todo um showzinho particular, grita, da escândalo, mata, conspira, ironiza. O que ela está fazendo? Chamando atenção pra si. Está no direito dela, é sua carência.
E a outra?
À Donatella coitada, falta um pouco de clareza e sabedoria. Ela entra no joguinho da Flora, grita com ela, sofre, chora, xinga, manda à merda, pede pra parar, pede desculpa, xinga de novo.
Faz tudo, menos o que deveria fazer: desencanar dessa história toda de vingança que realmente não faz bem a ninguém.
Quando a criança é muito mimadinha e faz manha, ou a gente ignora, ou tira uma onda do berreiro pra ver se ela aprende, mas nunca deve gritar com ela, porque entrar no joguinho da criança mimada é o que não pode.
Claro, esse é o mundo virtual.
O mundo real é que a novela precisa de audiência, a trama precisa de algo que sustente essa audiência, e um bom barraco chama mesmo a atenção.
Mas por falar em crianças, gritaria, barraco, vingança, nada disso é bom exemplo de valores que uma criança deva simpatizar no início da vida. Não é lá muito saudável. Assim como as novelas.
A favorita está acabando, mas logo virão outras favoritas, cujo diretor terá algum personagem favorito, e não é o vilão o perigo da história, mas nesse caso o herói.

Manifesto em defesa das mulheres

No filme "O Código Da Vinci", lá pelas tantas, o professor Robert Langdon explica para até então agente da polícia francesa Sophie, o mistério do Santo Graal e aquela história toda, e conta a ela sobre a simbologia do cálice, mostrando como a estrela de Davi representava o equilíbrio entre o feminino e o masculino.
No caso, ele cita que parte desse equilíbrio é o sexo.
O Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos, considera feminino e masculino estados de espírito, e o equilíbrio entre esses estados dentro de cada ser é fundamental para a compreensão de Deus.
Muito se discute sobre a condição da mulher no mundo, sobre seu papel em um mundo majoritariamente machista.
Eu acho essa discussão uma besteirada sem fim.
Os movimentos feministas, que se iniciaram com a introdução da mulher no mercado de trabalho criado pela indústria do século XVIII, deram início à consolidação da supremacia masculina no mundo. Coitadas, as operárias do século XIX que lutavam por ter direitos trabalhistas iguais aos dos homens, para si e para seus filhos que iam juntos para o trabalho, mal sabiam aonde tudo isso ia dar hoje em dia.
Avançando mais um pouco, os anos 1960 trouxeram ao menos a liberdade sexual da mulher para os tempos modernos, ufa, menos mau.
Mas veja bem, cada vez mais mostram-se mulheres ocupando cargos que eram de homens, e isso é mostrado como um avanço enorme. Pois bem.
O fato é o seguinte, a mulher quando começou a lutar pelos seus direitos, não buscou a valorização dos aspectos femininos que são de sua natureza: o amor, a harmonia, a fantasia, a geração da vida, o fruto, a intuição.
Na verdade, sucumbiu e enquadrou - se na lógica racionalista e fria dos homens.
Claro que isso tinha um intuito muito nobre, tornar - se independente do macho. Um objetivo muito plausível, mas as consequências disso são trágicas.
Ao invés de lutar para que a sua sensibilidade, o seu amor, a sua sensualidade, em cujos frutos está o valor supremo da vida, tivessem valor equiparado à capacidade de liderança e a razão do homem, elas buscaram mostrar que podiam ser iguais a eles. Só assim conseguiram ter valor no mundo.
Deveriam elas ter seduzido, feito carinho, colocado amor no coração dos homens de poder para amolecer essa bomba de pedra que é o coração masculino. Assim nenhum deles pensariam tanto em guerras, ambições, destruição. Tudo isso que começa com as brincadeiras de bater em coleguinhas quando criança e termina nisso, perversão bélica.
O que vemos hoje é isso, executivas orgulhosas de seu trabalho na empresa mas se afundando em depressões e remédio pelo fracasso na vida pessoal.
Orgulham-se os países em terem presidentes mulheres, mas isso tudo, me desculpem, é muito anti-natural. Dá pra imaginar uma mulher apertando um botão que envia uma bomba pra algum lugar e mata crianças, e ela não pensar nos filhos?? Isso vai contra sua natureza. É perverso colocar uma mulher em tal situação. Mas vejam, isso tudo é muito positivo!!! QUe bom ela amolecer diante de uma bomba.
Guerra é coisa de homens recalcados, mal-amados e carentes de amor, que suprem tudo isso com a ambição.
Mulheres, não caiam nessa... Procurem seu lugar no mundo. Transformem a feminilidade em valor fundamental da humanidade.Há que haver o equilíbrio entre o feminino e o masculino.
Estou sugerindo que vocês voltem pra cozinha e vivam a mercê de um homem? De forma alguma!
Mas ajudem a amolecer o coração dos poderosos, porque quem ama não quer poder, quem ama não pode, não consegue fazer guerra e nem pensa nela!
Usem sua feminilidade e sobrevivam dela. Se ela é uma coisa natural, então há de trazer sobrevivência a vocês! Porque na natureza é assim, se uma coisa faz parte dela, então a Mãe fornece os meios para a sobrevivência.
E a Natureza é mãe e Deus é pai e os dois são a mesma coisa.