segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Moto sem capacete!

O Estado se tornou um organismo opressor no que tange às liberdades individuais.
Me restrinjo a falar do Estado paternalista que tutela um determinado aspecto fundamental da nossa vida: a Vida.
Há trocentas leis que dão conta do nosso "bem-estar", mesmo que contra a nossa própria vontade.
Por favor, não me tomem por mórbido, mas existe algo de mais absurdo regulamentar a proibição do suicídio?
Sem levar em conta as concepções espirituais, cujas determinações não são levadas em conta na criação da legislação, a vida pertence à pessoa que nasce, no momento em que ela nasce.
Não cabe a ninguém, a não ser à pessoa viva, as responsabilidades que tem uma pessoa viva com a sua vida.
Particularmente sou contra o suicídio. Mas não posso me deixar tomar pelo moralismo.
Essa e outras leis visam tirar um direito inato a todo ser humano, o de controle da própria vida.
Obviamente o Estado tem lá as suas responsabilidades para com os indivíduos e com a política.
Índicesdemortalidadenãopodemestaraltosaspessoasdevemestar
sãsesaudáveisedespreocupadasparatrabalhareaengrenagem
todafuncionandopoismanutençãoéprejuízo.
A aceitação da população em geral nasce sempre do princípio mais forte de dominação: o medo.
O medo da morte talvez seja um dos que mais atormentam a cabeça do Homo seilaoquê.
Portanto, comportamentos que colocam a vida em risco, ou nos levam à auto-destruição são de pronto condenáveis e repugnantes.
Não há coisa que atrapalhe mais a vida que o medo da morte.
A Vida é concebida para ser vivida em sua plenitude, esta apenas atingida com a liberdade de Ser.
Todos temos seus protótipos de liberdade(falsos e vagos, é verdade), o meu é andar de moto sem capacete, apreciando a paisagem sem obstáculos à visão.
Se cair, sei que posso racharacabeçaficartetraplégicoestragaraminhavidaedaspessoasquemeamam.
Pura retórica. Da qual eu tenho consciência. Mas não abro mão da minha liberdade de colocar a minha vida em risco. Se for ignorância da minha parte, a Vida se encarrega por si só de proporcionar o aprendizado.
Vamos em frente.
Tempo
Tempo que passa não passa
Tempo que chove
Tempo tempestade
Tempo do amor
.
.
.
Tempo que se inicia na alvorada
Se encerra no crepúsculo
Tempo dos impulsos elétricos do cérebro
Tempo da maconha
dos executivos e de quem vive correndo
os carros os aviões
a informação
Tempo que dura e pode não durar
Tempo dos opostos
Que não existe
não fosse o amor a maconha a chuva o crepúsculo
Tempo sem ponto final

domingo, 3 de agosto de 2008

Considerações acerca das Lendas

Querer traçar uma especulação sobre a origem das Lendas seria no mínimo, negar sua própria natureza.
As Lendas simplesmente existem, não se iniciam ou terminam.
Típicas da tradição oral, as Lendas tem sua duração sustentada no poder de fixação no imaginário popular.
Não existem livros, tratados, reportagens e documentários sobre uma lenda. Quando há, ela perde seu status.
Toda sua magia consiste em transitar pela vida das pessoas através da imagem que cada uma faz dela.
As lendas não têm rostos. Nesse sentido, é tudo de contrário e ameaçador à nossa atual sociedade, que se baseia em imagens.
Nela, o valor maior das coisas está no que as coisas representam, não no que são de fato.
Os produtos, as pessoas, são super - valorizados pelas imagens que transmitem.
Diferentemente das lendas, essa imagem vendável é sustentada pela constante propaganda, porém, é mais concreta e palpável que a imagem "lendável", porque é suportada pelo visível, um sonho de uma vida melhor, símbolos de felicidade, mostrados através de meios audiovisuais, que formatam seu padrão concreto.
A lenda é invisível, impalpável na sociedade do espetáculo.
É a sensação de um cego caminhando no centro de São Paulo, com todos os barulhos e aflições característicos do local.
Assustador.

Dica: assistam ao filme Alphaville de Jean-Luc Godard