terça-feira, 19 de junho de 2012

segunda-feira, 4 de junho de 2012


Observando um fio de aranha tecido entre duas folhas de palmeira, sobreveio-me a reflexão acerca da atividade manual e sua importância para o homem.
Não serei o primeiro a traçar relações entre as atividades psíquicas do inconsciente humano, e a confecção de teias pelas aranhas, talvez até Carl Jung tenha se aprofundado em tal estudo, comparando as imagens criadas pelas teias de aranha na natureza, com alguns complexos da psique humana.
À partir do momento em que o homem começou a criar máquinas para substituir o seu trabalho manual, a sociedade passou a desenvolver mais transtornos psíquicos e mais complexos ou transtornos mentais.
Isso porque a atividade manual técnica tem a capacidade de transformar os fantasmas em matéria, dar-lhes corpo e forma no mundo material.
Os fantasmas existem ou são criados pelo excesso de pensamento, de leitura, e de uma série de outros fatores os quais eu não saberia enumerar e não convém expô-los aqui.
Para tal, imaginemos o caso do escritor russo Fiódor Dostoiévski, que sofria de ataques de epilepsia, com uma regularidade esparsa, mas constante, tal era a atividade mental do escritor.
Por sorte, o gênio russo tinha em suas mãos o poder de dominar uma técnica, a da escrita, cuja habilidade é das mais eficazes em materializar fantasmas, e poderia assim, sobreviver e conviver com as dificuldades financeiras, a tensão social da Rússia czarista, e sua frágil mente perturbada.
Colocar os pensamentos em palavras é uma das formas de transformar as coisas perturbadoras em matéria, cuja presença é muito menos ameaçadora ao homem, pois passa do plano das coisas distantes, escuras e desconhecidas, para o plano das palavras, que para o ser humano é mais próximo e familiar do que sentimentos e sensações.
Dostoiévski viveu no século XIX, século no qual a atividade industrial cresceu exponencialmente, sendo que diversos setores da manufatura e do artesanato muito presentes na cultura humana como a produção têxtil, a culinária e a produção de artefatos, passou literalmente das mãos dos homens para as agulhas de precisão das máquinas.
De uma hora para outra, as pessoas se viram de mãos abanando, com o mundo se acelerando, e sem perceberem que perdiam lentamente uma importante forma de conexão e de harmonização interna que é o trabalho manual.
Não por acaso, no século XIX, um século tão diverso e tão rico culturalmente para a história recente, surgem fenômenos percebidos mais recentemente como Allan Kardec e Helena Blavatsky, que transpõem para o plano da religião e do espiritualismo a questão dos fantasmas.
Os fantasmas existem e não saberia dizer o que são, mas é evidente que quando transformados em matéria através da atividade manual, tem a oportunidade de se manifestarem como valores positivos ou negativos no plano material, que é o plano perceptível ao homem.
A intensificação desse processo é concomitante à intensificação do surgimento de patologias psíquicas e assim acontece crescentemente com o passar do anos, em decorrência da exclusão sistemática da atividade manual da rotina dos homens, transferindo nosso fazer quase que totalmente para o domínio da máquina.
Atualmente, nas sociedades europeias e americanas, um maior número de pessoas escreve, pinta, ou desenvolve alguma atividade cultural, e cada vez menos pessoas se envolvem com atividades como serraria ou o artesanato, salvo raras exceções.
O processo pelo qual temos passado, e que por vezes tem sido chamado de uma evolução da humanidade, é o processo de nós ascendermos ao plano dos fantasmas, saindo do plano da matéria, e passando para o plano da mente, aonde estamos sujeitos a toda sorte de psicopatias e aberrações do inconsciente humano, muitas vezes chamado de liberdade de expressão.
Temos liberdade de expressar nossa miséria e nossa doença, nossas dores e nossa loucura, mas isso quando muito, representa quase como uma masturbação em comparação ao gozo tântrico.
É um farto desperdício de energia, uma catarse constante, um afrouxamento de potencialidades de ir além, de sentir coisas mais profundas, seja lá o que isso represente para cada um, tudo em troca de um “carpe diem” mal compreendido, um hedonismo vivido no seu sentido mais raso e superficial.

terça-feira, 24 de maio de 2011

De tanto olhar o céu o homem inventou a espaçonave.
Então esqueceu que a Lua e as Estrelas habitam dentro dele também.

sábado, 26 de junho de 2010

Solaris - Andrei Tarkovsky

Platão broxado
Ulisses desvendado, desamarrado
As mulheres de Lesbos soprando cânticos em seuss ouvidos.

A Grécia enlouquecida nos cantycos mântricos bacantes,
embebidas em vinho elas sopram desrazão e samba canção
na barba de Sócrates.

O velhinho traiu Apolo.
Caiu na dança serpentinesca.
Sacudiu o ventre barrigudinho.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Fim de semana com amigos.
Peixe
esperando no forno.
Muito mate pra aguentar o frio,
e muita esperança pra aquecer a amizade.
A vida flui e troca
através de abraços, livros e sons.
Xadrez.
Cozinha.
Recordações que viram presente.
Ê vida boa!
Quem deseja e não age engendra a peste
A natureza não é um espetáculo de bondades